quarta-feira, 15 de abril de 2015

O TERCEIRO ACORDO NÃO FAÇA SUPOSIÇÕES

O TERCEIRO ACORDO
NÃO FAÇA SUPOSIÇÕES
O terceiro acordo consiste em não fazer suposições. Tendemos a fazer suposições sobre tudo. O problema é que, ao fazê-lo, achamos que o que supomos é verdadeiro. Juraríamos que é real. Fazemos suposições sobre o que os demais fazem ou pensam - o tomamos pessoalmente - e depois, os culpamos e reagimos enviando veneno emocional com nossas palavras. Este é o motivo pelo qual sempre que fazemos suposições, procuramos problemas. Fazemos uma suposição, compreendemos as coisas mal, tomamo-lo pessoalmente e acabamos fazendo um grande drama de nada.
Toda a tristeza e os dramas que experimentaste tinham suas raízes nas suposições que fizeste e nas coisas que tomaste pessoalmente. Concede-te um momento para considerar a verdade desta afirmação. Toda a questão do domínio entre os seres humanos gira ao redor das suposições e o se tomar as coisas pessoalmente. Todo nosso sonho do inferno se baseia nisso.
Produzimos muito veneno emocional fazendo suposições e tomando-as pessoalmente, porque, pelo geral, começamos a fofocar a partir de nossas suposições. Recorda que fofocar é nossa forma de nos comunicar e nos enviar veneno uns aos outros no sonho do inferno. Como temos medo de pedir um esclarecimento, fazemos suposições e achamos que são verdadeiras; depois, defendemo-as e tentamos que seja outro o que não tenha razão. Sempre é melhor perguntar que fazer uma suposição, porque as suposições criam sofrimento.
O grande mitote da mente humana cria um enorme caos que nos leva a interpretar e entender mal todas as coisas. Só vemos o que queremos ver e ouvimos o que queremos ouvir. Não percebemos as coisas tal como são. Temos o costume de sonhar sem basear-nos na realidade. Literalmente, inventamos as coisas em nossa imaginação. Como não entendemos algo, fazemos uma suposição sobre seu significado, e quando a verdade aparece, a borbulha de nosso sonho explode e descobrimos que não era em absoluto o que nós criamos.
Um exemplo: Andas pelo passeio e vês a uma pessoa que gostas. Volta-se para ti, te sorri e depois se afasta. Só com esta experiência podes fazer muitas suposições. Com elas é possível criar toda uma fantasia. E tu verdadeiramente queres crer na fantasia e convertê-la em realidade. Começas a criar um sonho completo a partir de tuas suposições, e pode ser que o cries:
Realmente gosta-me muito. A partir disto, em tua mente começa uma relação inteira. Quiçá, em teu mundo de fantasia, até chegues a casar-te com essa pessoa. Mas a fantasia está em tua mente, em teu sonho pessoal.
Fazer suposições em nossas relações significa procurar-se problemas. Com freqüência, supomos que nosso casal sabe o que pensamos e que não é necessário que lhe digamos o que queremos. Supomos que fará o que queremos porque nos conhece muito bem. Se não faz o que achamos que deveria fazer, nos sentimos realmente feridos e dizemos: Deverias tê-lo sabido.
Outro exemplo: Decides casar-te e supões que teu casal vê o casal da mesma maneira que tu. Depois, ao viver juntos, descobres que não é assim. Isto cria muitos conflitos; no entanto, não tentas clarificar teus sentimentos sobre o casal. O marido regressa à casa do trabalho. A mulher está furiosa e o marido não sabe por quê. Quiçá seja porque a mulher fez uma suposição. Não diz a seu marido o que quer porque supõe que ele a conhece tão bem que já o sabe, como se pudesse ler sua mente. Desagrada-se porque ele não satisfaz suas expectativas. Fazer suposições nas relações conduz a muitas disputas, dificuldades e mal entendidos com as pessoas que supostamente amamos.
Em qualquer tipo de relação, podemos supor que os demais sabem o que pensamos e que não é necessário que digamos o que queremos. Farão o que queremos porque nos conhecem muito bem. Se não o fazem, se não fazem o que achamos que deveriam fazer, nos sentimos feridos e pensamos: Como pôde fazer isso? Deveria tê-lo sabido. Supomos que a outra pessoa sabe o que queremos. Criamos um drama completo porque fazemos esta suposição e depois acrescentamos outras mais em cima dela.
O funcionamento da mente humana é muito interessante. Precisamos justificar, explicar e compreender tudo para nos sentir seguros. Temos milhões de perguntas que precisam resposta porque há muitas coisas que a mente racional é incapaz de explicar. Não importa se a resposta é correta ou não; por si só, bastará para que nos sintamos seguros. Esta é a razão pela qual fazemos suposições.
Se os demais dizem-nos algo, fazemos suposições, e se não nos dizem nada, também as fazemos para satisfazer nossa necessidade de saber e substituir a
necessidade de nos comunicar. Inclusive se ouvimos algo e não o entendemos, fazemos suposições sobre o que significa, e depois, cremos nelas. Fazemos todo tipo de suposições porque não temos o valor de perguntar.
A maioria das vezes, fazemos nossas suposições com grande rapidez e de uma maneira inconsciente, porque estabelecemos acordos para comunicar-nos desta forma. Lembramos que fazer perguntas é perigoso, e que as pessoas que nos amam deveriam saber p que queremos ou como nos sentimos. Quando cremos algo, supomos que temos razão até o ponto de chegar a destruir nossas relações para defender nossa posição.
Supomos que todo mundo vê a vida do mesmo modo que nós. Supomos que os demais pensam, sentem, julgam e maltratam como nós o fazemos. Está é a maior suposição que podemos fazer e é a razão pela qual nos dá medo ser nós mesmos ante os demais, porque achamos que nos julgarão, converter-nos-ão em suas vítimas, maltratar-nos-ão e culpar-nos-ão como nós mesmos o fazemos. De maneira que, inclusive antes de que os demais tenham a oportunidade de nos recusar, nós já recusamos a nós mesmos. Assim é como funciona a mente humana.
Também fazemos suposições sobre nós mesmos, e isto cria muitos conflitos internos. Por exemplo, supões que és capaz de fazer algo, e depois descobres que não o és. Te superestimas ou te subestimas porque não tomaste o tempo necessário para te fazer perguntas e as responder. Talvez precises mais dados sobre uma situação em particular. Ou quiçá precises deixar de mentir a ti mesmo sobre o que verdadeiramente queres.
Com freqüência, quando inicias uma relação com alguém que gostas, tens que justificar por que gostas. Só vês o que queres ver e negas que alguns aspectos dessa pessoa te desagradam. Mentes a ti mesmo com o único fim de sentir que tens razão. Depois fazes suposições, e uma delas é: MEU amor mudará a esta pessoa. Mas não é verdade. Teu amor não mudará a ninguém. Se as pessoas mudam é porque querem mudar, não porque tu possas mudá-las. Então, ocorre algo entre vocês dois e te sentes doído. De repente, vês o que não quiseste ver antes, só que agora está amplificado por teu veneno emocional. Agora tens que justificar tua dor emocional e jogar a culpa de tuas decisões aos demais.
Não é necessário que justifiquemos o amor; está presente ou não o está. O amor verdadeiro é aceitar aos demais tal como são sem tratar de mudá-los. Se tentamos mudá-los significa que, em realidade, não gostamos. Lógico que, se decides viver com alguém, se chegas a esse acordo, sempre será melhor que essa pessoa seja exatamente como tu queres que seja. Encontra alguém a quem não tenhas que mudar em absoluto. Resulta bem mais fácil achar alguém que já seja como tu queres que seja, que tentar mudar a uma pessoa. Ademais, esse alguém deve te querer tal como és para não ter que te fazer mudar em absoluto. Se outras pessoas pensam que tens que mudar, isso significa que, em realidade, não te amam tal como és. E para quê estar com alguém se tu não és tal como quer que sejas?
Devemos ser quem somos, de modo que não temos que apresentar uma falsa imagem. Se amas-me tal como sou, muito bem, me toma. Se não me amas tal como sou, muito bem, adeus. Procura a outro. Quiçá soe duro, mas este tipo de comunicação significa que os acordos pessoais que estabelecemos com os demais são claros e impecáveis.
Imagina tão só no dia em que deixes de supor coisas de teu casal, e ainda, de qualquer outra pessoa de tua vida. Tua maneira de comunicar-te mudará
completamente e tuas relações já não sofrerão mais por causa de conflitos criados por suposições equivocadas.
A maneira de evitar as suposições é perguntar. Assegura-te de que as coisas te fiquem claras. Se não compreendes alguma, tenha o trabalho de perguntar até clarificar todo o possível, e inclusive então, não suponhas que sabes tudo sobre essa situação em particular. Uma vez escutes a resposta, não terás que fazer suposições porque saberás a verdade.
Assim mesmo, encontra tua voz para perguntar o que queres. Todo mundo tem direito a te responder «sim» ou «não», mas tu sempre terás direito a perguntar. Do mesmo modo, todo mundo tem direito a te perguntar e tu tens direito a responder sim ou não.
Se não entendes algo, em lugar de fazer uma suposição, é melhor que perguntes e que sejas claro. No dia que deixes de fazer suposições, comunicar-te-ás com habilidade e clareza, livre de veneno emocional. Quando já não faças suposições, tuas palavras tornar-se-ão impecáveis.
Com uma comunicação clara, todas tuas relações mudarão, não só a que tens com teu casal, senão também todas as demais. Não será necessário que faças suposições porque tudo tornar-se-á muito claro. Isto é o que eu quero, e isto é o que tu queres. Se comunicamo-nos desta maneira, nossas palavras tornar-se-ão impecáveis. Se todos os seres humanos fôssemos capazes de nos comunicar desta maneira, com a impecabilidade de nossas palavras, não teria guerras, nem violência nem disputas. Se apenas fôssemos capazes de ter uma comunicação boa e clara, todos nossos problemas resolver-se-iam.
Este é, pois, o Terceiro Acordo: Não faças suposições.
Dizê-lo é fácil, mas compreendo que fazê-lo é difícil. O é por que, muito com freqüência, fazemos exatamente o contrário. Temos todos esses hábitos e rotinas dos quais nem sequer somos conscientes. Tomar consciência desses hábitos e compreender a importância deste acordo é o primeiro passo, mas não é suficiente. A idéia ou a informação é só uma semente na mente. O que realmente fará que as coisas mudem é a ação. Agir seguidamente fortalece tua vontade, nutre a semente e estabelece uma base sólida para que o novo hábito se desenvolva. Depois de muitas repetições, estes novos acordos converter-se-ão em parte de ti mesmo e verás como a magia de tuas palavras fará que deixes de ser um mago negro para te converter num mago branco.
Um mago branco utiliza as palavras para criar, dar, compartilhar e amar. Se fazes um hábito deste acordo, transformarás completamente tua vida.
Quando transformas todo teu sonho, a magia aparece em tua vida. O que precisas te chega com grande facilidade porque o espírito se move livremente em ti. Esta é a maestria da tentativa, do espírito, do amor, da gratidão e da vida. Este é o objetivo do tolteca. Este é o caminho para a liberdade pessoal.
Miguel Ruiz, Os Quatro Compromissos, Um Livro da Sabedoria Tolteca.


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