(...) Deus como pessoa é uma tolice, o conceito inteiro é tolo. E Ele não pode ser uma pessoa porque tem de ser todas as pessoas — como Ele pode ser uma pessoa? Não pode ser alguém porque é todos, e não pode estar num lugar determinado porque está em toda a parte. Não se pode defini-Lo, e a personalidade é uma definição. Não se pode limitá-Lo, e como uma pessoa Ele se torna limitado. A personalidade é como uma onda que vai e vem, e Ele é como o oceano. É imenso — Ele permanece. Personalidades vão e vêm, elas são formas; estão presentes e logo depois não estão mais. As formas mudam; as formas mudam constantemente para os opostos e Deus é a ausência de forma. Não pode ser definido, não se pode dizer quem Ele é. Ele é tudo. Mas no momento em que você diz: "Ele é tudo", cria um problema: como se comunicar? Não há necessidade; não é possível comunicar-se com Ele como pessoa. Você tem de se comunicar com Ele nua dimensão totalmente diferente — a dimensão da energia, a dimensão da consciência, não dá personalidade.
"Deus" é energia. É consciência absoluta. Deus é graça, é êxtase; indefinível, ilimitado; não tem começo nem fim; para todo o sempre, eterno, atemporal, além do espaço — porque "Deus" significa totalidade.
(...) Por causa do conceito de Deus como pessoa, tivemos de criar um Demônio contraposto a Deus, devido a todas as negatividades! —onde você as colocaria? Você tem de criar alguém sobre quem seja possível jogar todas as negatividades. Então o seu Deus torna-se falso, e o seu Demônio também torna-se falso, pois o negativo e o positivo coexistem, não estão separados. Mas tudo o que você gosta põe do lado de Deus, e tudo o que não gosta põe do lado do Demônio. A divisão é sua.
"Deus" não pode ser dividido — Ele é indivisível.
Primeira coisa: Deus não é uma pessoa. E lembre-se: você também não é uma pessoa. Isso é ignorância, é auto-ignorância: é por isso que você parece ser uma pessoa. Se você for mais fundo, logo a personalidade começará a ficar embaraçada; chegará um momento no qual você não saberá quem é. Você já deve ter observado isso: às vezes, quando alguém o desperta subitamente, acontece de, de repente, você não saber onde está — se é de manhã ou de noite, se está em sua casa ou em algum outro lugar, que cidade é; por um momento tudo fica confuso, não tem noção de espaço, não tem noção de tempo, e você não sabe quem você é. Por que isso acontece? Porque dormindo profundamente você se move para o centro, é claro inconscientemente, mas no centro não existe personalidade — existe uma energia impessoal. E se de repente alguém o desperta, você tem de se mover do centro para a periferia tão depressa, que simplesmente não há tempo para recobrar a personalidade. Nessa pressa você simplesmente perde a identidade — e essa é a sua realidade, é isso o que de fato você é.
Em profunda meditação, cada vez mais você se tornará consciente do indefinível, do ilimitado. No começo se parecerá com um fenômeno anuviado, e você poderá sentir medo, ficar assustado. O que está lhe acontecendo? Está perdendo a cabeça? Está ficando louco? Se você sentir medo, perderá. Não se preocupe, é natural — você está se movendo do definido ao indefinido; no meio haverá um terreno onde tudo será confuso.
(...) "Deus" é energia e se você não estiver preparado ela pode ser destrutiva. Deus é uma energia tão infinita e vital que, se o seu veículo não estiver pronto, você simplesmente quebrará. Portanto, a questão não é apenas conhecer Deus. A questão mais profunda é estar pronto antes de poder dizer: "Agora venha", antes de poder convidá-Lo — pois você é tão pequeno e Ele é tão vasto. É como se uma gota de água convidasse o oceano para entrar. O oceano pode vir a qualquer momento, mas o que acontecerá à gota? Ela tem de atingir uma capacidade, uma receptividade infinita, a ponto do oceano se abandonar e desaparecer dentro da gota sem que ela seja esfacelada. Esta arte é grandiosa, esta arte é Religião, Yoga, Tantra, ou seja qual for o nome que você queira dar.
O S H O
O S H O
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