sábado, 11 de julho de 2015

O EGO DIVINO É UM BARCO VAZIO

O EGO DIVINO É UM BARCO VAZIO
"Se um homem estiver atravessando um rio
E um barco vazio colidir com a sua própria embarcação,
Mesmo que ele seja um homem mal-humorado
Não vai ficar muito irritado.
Mas se vir um homem no outro barco,
Ele vai gritar com ele para que reme direito.
Se o seu grito não for ouvido, ele vai gritar de novo,
E mais uma vez começará a xingar.
Tudo porque há alguém no barco.
Se o barco estivesse vazio, Ele não estaria gritando
Nem ficaria com raiva.
Se você conseguir esvazia o seu barco
Ao atravessar o rio do mundo,
Ninguém vai se opor a você,
Ninguém vai tentar lhe fazer mal.
Quem pode se libertar do sucesso
E da fama, e descer e se perder
Em meio à massa humana?
Esse fluirá com o Tao, invisível,
Avançará com a própria vida
Sem nome e sem lar.
Aparentemente é um tolo.
Seus passos não deixam rastro.
Não tem nenhum poder.
Nada consegue, não tem reputação.
Como não julga ninguém,
Ninguém o julga.
Assim é o homem perfeito:
Seu barco está vazio."
Essa é a sua natureza. Esse é o Tao.
Sanidade significa chegar ao que é natural, chegar ao que é perfeito em você, ao que está escondido atrás do nome e da forma. Muito esforço é necessário porque para cortar a forma, deixar para trás e eliminar a forma, é muito difícil. Você se tornou muito apegado e identificado a ela.
Este Samadhi Sadhana Shibir, este campo de meditação, nada mais é que persuadi-lo a seguir na direção do sem forma – como não ficar na forma. Toda forma significa ego; até mesmo um galo tem seu ego, e o homem também tem o seu. Toda forma é centrada no ego. Não-forma significa sem ego; você não está mais centrado no ego: o seu centro está em toda parte ou em parte alguma. Isso é possível, isso que parece quase impossível é possível, porque aconteceu comigo. E, quando eu falo, falo por experiência. Seja o que você for, eu fui; e, seja o que for que eu seja, você pode ser.
Uma pessoa sã, portanto, não será ninguém em particular, não pode ser. Só um louco pode ser alguém em particular – seja um galo ou um homem, ou um primeiro-ministro ou um presidente, qualquer coisa, seja o que for. Uma pessoa sã passa a sentir a condição de ser um ninguém.
Todas as civilizações são contra a natureza, porque elas querem fazer de você alguém em particular. E quanto mais você se cristaliza como alguém, menos o divino pode penetrar em você.
Todo o esforço é no sentido de dissolvê-lo; todo o esforço é como destruir você. Uma vez destruído, o indestrutível virá à tona – ele está lá, escondido. Depois que tudo o que não é essencial for eliminado, o essencial será como uma chama – vivo em sua glória total. Esta parábola de Chuang Tzu é linda. Ele diz que um homem sábio é como um barco vazio.
Assim é o homem perfeito – seu barco está vazio
Não há ninguém dentro.
Se você encontrar alguém como Chuang Tzu, Lao-Tsé ou Buda, o barco estará ali, mas ele estará vazio – não haverá ninguém nele. Se você simplesmente olhar para a superfície, então verá alguém lá, porque o barco está lá. Mas, se penetrar mais profundamente, se conseguir alcançar o centro ou a fonte do ser, se esquecer o corpo - o barco - então você acabará por encontrar um nada.
Chuang Tzu é uma flor rara, porque tornar-se ninguém é a coisa mais difícil, quase impossível, a coisa mais extraordinária do mundo.
A mente comum anseia por ser extraordinária, o que faz parte do ordinarismo. A mente ordinária deseja ser alguém em particular, alguém extraordinário - o que faz parte do ordinarismo. Você pode se tornar um Alexandre, mas continuará sendo ordinário, comum – então quem é o extraordinário? O extraordinário só começa quando você não anseia pelo extraordinário. Então a viagem começou, então uma nova semente brotou.
Isso é o que Chuang Tzu quer dizer quando afirma: “Um homem perfeito é como um barco vazio”. Muitas coisas estão implícitas nisso. Em primeiro lugar, um barco vazio não vai a lugar nenhum, porque não há ninguém para dirigi-lo, ninguém para manipulá-lo, ninguém para encaminhá-lo a algum lugar. Um barco vazio está apenas ali, não está indo a lugar nenhum. Mesmo que esteja se movendo, não estará indo a lugar nenhum.
Se a mente não está ali, a vida continuará a ser um movimento, mas não vai ser dirigida. Você vai se mover, você vai mudar, você será um fluxo como um rio, mas não estará indo a lugar algum, não terá nenhum objetivo em vista. Um homem perfeito vive sem nenhuma finalidade; um homem perfeito avança, mas sem nenhuma motivação. Se você perguntar a um home perfeito: “O que você está fazendo?”, ele dirá: “Não estou fazendo nada, isso é o que está acontecendo”. Isso está acontecendo, não é algo manipulado. Não há ninguém para manipulá-lo, o barco está vazio.
Se existir um propósito, você vive e em sofrimento. Por que? Um propósito existe para o eu, o ou ego, e significa a mente que vive no futuro. A mente pode viver no futuro, mas não no presente. Se você não vive o presente, você pode ter esperanças e desejos. E é assim que você cria a miséria. Se você começar a viver neste momento, aqui e agora, o sofrimento desaparece. Mas como isso está relacionado ao ego? O ego é todo o passado acumulado. Tudo o que você conheceu, vivenciou, leu, tudo o que aconteceu a você no passado, o todo é acumulado ali. Todo esse passado é o ego, é você.
O passado pode se projetar no futuro – porque o futuro não é senão o passado estendido. O passado não prevalece sobre o presente – o presente é totalmente diferente, tem a qualidade de ser aqui e agora. O passado está sempre morto, o presente é vida, a fonte de toda a vivacidade. O passado não pode prevalecer diante do momento presente, por isso se transporta para o futuro – ambos estão mortos, ambos são não existenciais. O presente é a vida; nem o futuro pode encontrar o presente, nem o passado pode encontrar o presente. E seu ego, a sua condição de ser alguém, é o seu passado. A menos que esteja vazio você não pode estar aqui, e a menos que esteja aqui você não pode estar vivo.
Como você pode conhecer a felicidade da vida? Ela está se derramando sobre você a cada instante e você a está ignorando.
Chuang Tzu diz: “Assim é o homem perfeito – seu barco está vazio.”
Vazio de que? Vazio do eu, vazio do ego, vazio de alguém lá dentro.
Se as pessoas continuam colidindo com você e se continuam com raiva de você, lembre-se, elas não têm culpa. Seu barco não está vazio. Elas estão com raiva porque você está lá. Se o barco estiver vazio elas vão parecer tolas, se estiverem com raiva vão parecer tolas.
Esse símbolo do barco vazio é realmente muito bonito. As pessoas estão com raiva porque você está muito presente ali, porque você é muito pesado – tão sólido que elas não podem passar. E a vida está entrelaçada com todas as pessoas. Se você é uma presença excessiva, então em toda a parte haverá colisão, raiva, depressão, agressão, angústia, violência – o conflito continua.
Sempre que você sente que alguém está com raiva ou que alguém colidiu com você, você acha que o outro é responsável. Esse é o modo como a ignorância conclui, interpreta. A ignorância sempre diz: “O outro e responsável”. A sabedoria sempre diz: “Se alguém é responsável, então eu sou responsável, e a única maneira de não colidir é não ser.”
“Eu sou responsável” não quer dizer “eu estou fazendo algo, é por isso que eles estão com raiva”. Essa não é a questão. Você pode não está fazendo nada, mas apenas o seu ser é suficiente para que as pessoas fiquem com raiva. Não é uma questão de saber se você está fazendo bem ou mal. A questão é que você está ali, presente.
Esta é a diferença entre o Tao e as outras religiões. As outras religiões dizem: seja bom, comporte-se de modo que ninguém fique bravo com você. O Tao diz: Não seja.
Esse vai ser o seu caminho. Esvazie o barco. Comece a jogar fora tudo o que encontrar no barco, até que tudo seja lançado fora e nada seja deixado, até que você seja jogado fora e nada reste, o seu ser tornou-se simplesmente vazio.
A última e a primeira coisa é ficar vazio; assim que ficar vazio você será preenchido. O todo descerá sobre você quando estiver vazio – só o vazio pode receber o todo, nada menos que isso vai servir. É somente então que o todo será recebido. A sua mente é tão pequena que não pode receber o divino. Deus cômodos são tão pequenos que você não pode convidar o divino. Destrua essa casa completamente, porque apenas o céu, o espaço total, pode recebê-lo.
O vazio vai ser o caminho, a meta, tudo. A partir de hoje, tente se esvaziar de tudo o que encontrar dentro de você: sua infelicidade, sua raiva, seu ego, seus ciúmes, seus sofrimentos, suas dores, seus prazeres – tudo o que você encontrar, basta jogar fora. Sem fazer distinção, sem fazer escolhas, esvazie-se. E no momento em que estiver totalmente vazio, de repente você vai ver que você é o todo, a totalidade. Por meio do vácuo, o todo é atingido.
A meditação nada mais é que um esvaziamento, nada mais é do que se tornar ninguém. Viva como um ninguém. Se você provocar raiva em alguém e colidir com essa pessoa, lembre-se, você deve estar no barco. Logo, quando o seu barco estiver vazio, você não colidirá, não haverá nenhum conflito, nenhuma raiva, nenhuma violência – nada.
Esse nada é a bênção, esse nada é a bem-aventurança. É por esse nada que você tem procurado a vida toda. Mas a menos que o buscador desapareça, não pode haver satisfação. Entre no vazio, torne-se ninguém, e continue vazio. Ande por este vasto mundo como um barco vazio, e todas as bênçãos que são possíveis na existência serão suas. Reivindique-as, mas você só pode reivindica-las quando você não está. Esse é o problema – como não estar. Eu digo a você que esse problema pode ser resolvido. Eu já resolvi, é por isso que digo isso.
Medite sobre isso, ore por isso, faça todos os esforços para isso. E lembre-se apenas de uma coisa – você tem que se tornar um barco vazio.
OSHO


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