(...)Penso que é importante compreender a operação, o funcionamento, a atividade do velho cérebro programado psicologicamente. Quando o novo cérebro opera, sem nenhuma necessidade de programa psicológico, o velho cérebro não pode compreender o novo cérebro.
Apenas quando o velho cérebro programado psicologicamente, que é nosso cérebro condicionado, nosso cérebro animalesco, o cérebro cultivado através de séculos de tempo, que fica eternamente buscando sua própria segurança, seu próprio conforto – apenas quando o velho cérebro estiver quieto, sereno, cessar sua atividade, você verá que existe um tipo de movimento completamente diferente, e é este movimento que trará clareza. Este movimento é a clareza em si mesmo.
Compreender toda atividade, você deve compreender o velho cérebro, estar cônscio dele, conhecer todos os seus movimentos, todas suas atividades, suas exigências e buscas, e por isso a meditação é muito importante. Não quero dizer com isso o absurdo, sistematizado cultivo de certo hábito de pensamento e tudo o mais, isso é tudo muito infantil e imaturo.
Por meditação quero dizer compreender a cada instante pelo espelho das relações comuns do cotidiano, todas as operações do velho cérebro, olhá-lo, conhecer como ele reage, quais são suas respostas, suas tendências, sua exigência, sua busca agressiva para saber tudo isso, tanto a parte consciente bem como a inconsciente, sem qualquer esforço e nada acumulando do que aprende. Quando você se conhece, quando há consciência disso, sem nenhuma avaliação, sem controle, sem direção, sem dizer: “Isto é bom; isto é mau; manterei isto; não manterei aquilo”, quando você vê a totalidade do movimento do velho cérebro, quando você se vê totalmente nas relações, então o cérebro velho serena, fica quieto, esvazia-se psicologicamente, o cérebro novo atua na sua ausência.
J. Krishnamurti, The Book of Life
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